ir para o conteúdo principal
Idioma
PT
Torne-se Associado Adira ao Diretório
ACEPI
Estudos  02 abr 2024

Inteligência Artificial: trabalhadores com aumento de stress e medo de perder emprego

Mais de metade dos trabalhadores inquiridos num novo estudo reportam aumento de stress e 28% temem que a tecnologia, nomeadamente a inteligência artificial, possa absorver os seus empregos.

content image article

À medida que as mudanças tecnológicas e culturais estão a reestruturar o mundo do trabalho, o foco no fator humano assume-se como o principal elemento na criação de valor acrescentado para as empresas. Os líderes, muitos dos quais já conscientes desta mudança, estão a encetar esforços para transformar esta perceção em estratégias concretas que permitam alavancar o potencial humano.

A conclusão é do estudo Global Human Capital Trends 2024 da Deloitte, que identifica as principais tendências a nível de capital humano e recursos humanos no contexto empresarial. A edição deste ano destaca que, naquilo que a Deloitte descreve como um “mundo do trabalho sem limites”, o desempenho humano – definido como o ciclo de reforço mútuo entre os resultados empresariais e humanos – mostra que, em vez de priorizar as questões empresariais em detrimento dos resultados humanos, as organizações devem adotar uma abordagem de sustentabilidade humana como forma de melhorar os resultados para os trabalhadores, clientes e sociedade em geral.

De acordo com Nuno Carvalho, partner da Deloitte, “apesar de assistirmos a uma aceleração geral da utilização da tecnologia, muito potenciada na área da inteligência artificial, deverá existir uma consciência real da importância do papel que as Pessoas têm nas organizações e na sustentabilidade das empresas. Essa poderá ser a chave para o sucesso das organizações, numa altura em que as abordagens tradicionais da forma como trabalhamos caem em desuso. É cada vez mais um fator crítico de sucesso apostar na sustentabilidade humana das organizações, dos mercados e da sociedade como um todo”, acrescenta.

Priorizar a sustentabilidade humana – a capacidade de criar valor em benefício das pessoas em vez de olhar para elas como fonte de valor – é, hoje em dia, não apenas um “nice to have” mas um “must have” para que as empresas possam obter melhores resultados financeiros e criar um impacto positivo na sociedade. Afinal de contas, são os seres humanos, mais do que quaisquer ativos físicos, que impulsionam o desempenho e o crescimento das organizações.

Mais de metade das organizações (76%) reconhece a importância da sustentabilidade humana para o seu sucesso – mas apenas 46% afirmam estar a fazer algo para abordar esta questão. O estudo deste ano torna claro que as organizações que conseguem colmatar essa lacuna têm quase o dobro da probabilidade de alcançar os resultados financeiros desejados e o dobro da probabilidade de alcançar resultados humanos positivos.

A quantificação do progresso nesta área também pode ser difícil de medir, com apenas 19% dos líderes a afirmarem ter métricas muito fiáveis para medir a componente social do ESG e 29% a afirmarem que têm um entendimento claro de como o conseguir.

Outro dado destacado pela Deloitte é uma lacuna entre as percepções dos líderes das empresas e dos trabalhadores. Apesar de 89% dos executivos dizerem que a sua organização está a promover a sustentabilidade humana de alguma forma, apenas 41% dos trabalhadores inquiridos dizem o mesmo, e só 43% afirmam que as empresas onde trabalham os deixaram em melhor situação do que quando começaram. Quanto aos obstáculos enfrentados pelos trabalhadores, 53% identificaram o aumento do stress no trabalho como o principal desafio, seguido da ameaça de a tecnologia absorver os empregos (28%).

Além da valorização da sustentabilidade humana, o Global Human Capital Trends 2024 identifica como tendências que mostram como uma combinação de resultados empresariais e humanos desempenha um papel importante no sucesso organizacional o uso da transparência para criar confiança e um olhar diferente para as métricas de produtividade.

A transparência de dados pode criar valor partilhado tanto para os trabalhadores como para as organizações, quando gerida responsavelmente; mas também pode trazer riscos, como violações da privacidade ou da vigilância baseada em inteligência artificial.

A larga maioria (88%) dos líderes inquiridos afirma que um foco crescente na confiança e transparência entre os trabalhadores e a organização é importante para o sucesso do negócio, mas neste campo revela-se mais uma vez a lacuna entre o saber e o fazer. Mais de metade (52%) estão a tomar algumas medidas para aumentar a confiança e a transparência, mas apenas 13% estão a fazer o suficiente para obter progressos significativos.

“A mudança é cada vez mais necessária, considerando que as organizações que criam efetivamente transparência e confiança têm duas vezes mais probabilidades de alcançar os resultados empresariais e humanos desejados”.

À medida que o trabalho se torna mais colaborativo e exige competências mais sofisticadas e menos quantificáveis, as métricas tradicionais de produtividade estão a perder a sua eficácia. De facto, 74% dos inquiridos afirmaram que procurar melhores formas de medir o desempenho dos trabalhadores para além da produtividade tradicional é muito ou extremamente importante. No entanto, apenas 40% afirmaram estar a fazer alguma coisa e apenas 17% consideram que a sua organização é eficaz na avaliação do valor criado por cada trabalhador para além das métricas tradicionais.

A Deloitte considera que as organizações devem focar a sua atenção na medição do desempenho humano como forma de equilibrar os resultados comerciais e os resultados de sustentabilidade humana, apontando que as organizações que colmatam a lacuna entre o saber e o fazer têm 1,7 vezes mais probabilidades de alcançar os resultados comerciais desejados e 1,7 vezes mais probabilidades de alcançar resultados humanos positivos.

Newsletter